A constituição de modos de vida contemporâneos: experiências de subjetivação marcadas por gênero, raça, classe, língua, corpo, sexualidade, geração

En 15/03/17 01:52 Actualizado en 15/03/17 01:52

O tema dos modos de vida não é novo na Sociologia e a ela não se limita. Nos anos 1980, emerge (ou reemerge) de forma vigorosa em pesquisas e reflexões sobre as formas de vida nas grandes cidades, a individualização, a vida cotidiana, a relação entre subjetividade e consumo etc., tendo por base empírica grupos os mais diversos: camadas médias, classes trabalhadoras, estudantes, moradores de rua, homens, mulheres, jovens, idosos. Tais estudos problematizaram as diferentes sociabilidades a partir de categorias tais como projeto, estilo de vida, identidade, subjetividade, experiência. No bojo dessas problematizações, alguns estudos focalizaram os movimentos sociais como espaços produtores de efeitos subjetivantes fundamentais. Para citar um exemplo, o feminismo desenvolveu uma metodologia reflexiva que inspira ainda hoje muitas ativistas, incluindo as jovens e as muito jovens, mostrando uma superlativa longevidade que surpreende. Para além dos métodos e técnicas de fazer política, os movimentos sociais são espaços de criação de modos de vida particulares ou de adesão a formas de vida consideradas alternativas ou de resistência. Assim, interessa à presente pesquisa, em particular: a amizade como forma de vida e suas manifestações atravessadas por raça, classe, sexo e outras marcas de diferença; a estilização ou estetização do corpo, das residências e das formas de agir socialmente em suas variadas expressões nas metrópoles e nas pequenas comunidades e grupos etc.; as escolhas planejadas de modos de vida anticapitalistas (o que quer que isso signifique empiricamente); as novas formas de trabalho, ativismos em rede, artisvismo e as subjetivações particulares que promovem; as formas de amar dissidentes da monogamia heterossexual ou homossexual, do casamento formal ou informal que se traduzam ou não em modelos alternativos de família; as modalidades de usos do corpo, os investimentos sobre ele e as modificações resultantes de processos mais ou menos estilizados tais como exercícios, dietas, disciplinamentos, erotismo etc. Enfim, a pesquisa visa captar a existência concreta de expressões éticas e estéticas na contemporaneidade e realizar a partir delas leituras ampliadas com o acervo analítico da teoria social clássica e contemporânea, em particular das epistemologias feministas, do interacionismo simbólico, da sociologia das emoções e da vida cotidiana, da sociologia do conhecimento, da experiência, entre outras.

Coordenação: Eliane Gonçalves